A Serra da Arrábida

A Serra da Arrábida

A Arrábida é uma paisagem excecional, rica em património geológico, ecológico e cultural. Lugar com nítida individualidade geográfica, lugar de beleza estética inconfundível, lugar único, em que natureza e cultura se entrelaçam; lugar de contrastes, de mar e terra, de céu e serra, de obras conjugadas do Homem e da Natureza.

Formada a partir de processos geológicos que remontam à Era Mesozóica, oferece à humanidade uma viagem no tempo, sendo um testemunho vivo e ilustrativo da história da Terra.

Contém um conjunto de especificidades que resultam na presença de flora única a nível mundial, rica em história evolutiva e que ilustra dinâmicas de sucessão ecológica e de zonação exclusivas, constituindo uma paisagem vegetal de elevada singularidade.

Apresenta uma grande diversidade de habitats prioritários para a conservação, sendo um deles único no mundo, no qual se encontram dois endemismos arrabidenses:

O Parque Marinho Luiz Saldanha é conhecido pela sua elevada biodiversidade, a qual é única em Portugal e na Europa, com mais de 1320 espécies registadas de flora e fauna marinhas e com espécies de afinidades mediterrânicas, subtropicais e da zona temperada norte.

Apresenta testemunhos arqueológicos de uma remota ocupação humana, a qual se foi desenrolando de uma forma harmoniosa com o ambiente natural. Este é um lugar que dispõe de condições naturais que propiciaram a fixação dos primeiros homens, a qual remonta a 500 mil anos.

A individualidade geográfica da Arrábida e o seu relativo isolamento conferiu a este lugar a dupla dimensão de um local de reflexão mística e de defesa do território, de exercício simultâneo da espiritualidade e de afirmação do poder militar – dupla dimensão concentrada no termo árabe Ribât, a provável origem etimológica do termo Arrábida.

Lugar mágico e sagrado para diversos cultos desde o Paleolítico Superior até à atualidade, a Arrábida testemunha esta presença humana pontuando a sua paisagem com capelas, igrejas, ermidas, conventos, santuários, castelos, fortificações e também com manifestações antigas de religiosidade que continuam vivas na atualidade.

A Gruta da Figueira Brava corresponde a um sítio arqueológico do Paleolítico Médio de relevância, a nível mundial, dada a presença de restos humanos do Homo neanderthalensis, combinados com restos faunísticos e de indústria lítica expedita.

Os Hipogeus da Quinta do Anjo constituem um emblemático monumento funerário, reconhecido a nível internacional, devido às taças campaniformes e pontas de cobre do “Grupo Palmela”. Associado a estas grutas está o Castro de Chibanes que constitui um arqueossítio de relevância excecional.

A paisagem arrabidina, devido às suas condições geográficas, testemunha também diferentes períodos de ocupação muçulmana e reconquista cristã do território, nomeadamente através da sua arquitetura militar. Neste âmbito são de destacar os Castelos de Sesimbra e Palmela, tendo este sido a sede da Ordem de SanUma característica matricial da Arrábida é a de constituir um local de fortíssima personalidade paisagística, um limite, uma fronteira na terra do fim do mundo, um cenário sagrado propício à contemplação.

É do isolamento ditado pelas condições geográficas e climáticas que surge a especificidade da Arrábida, o espírito do lugar, enquanto fronteira geográfica, humana e espiritual. Neste território existe uma sobreposição de cultos e lendas, numa estratigrafia religiosa e simbólica que sucessivamente acumulou e reinterpretou crenças muito antigas e as trouxe até à atualidade, demonstrando constituir-se como um polo de atração religiosa, semeando-a de interfaces entre o mundo terreno e as esferas consideradas superiores e nela traçando centros de fé e itinerários de peregrinação com enraizadas manifestações de religiosidade popular.

As manifestações culturais associadas à Arrábida – a religiosidade popular, assim como outras manifestações ligadas à agricultura, à pesca, à pastorícia, à gastronomia, entre as quais merecem especial relevância o queijo de azeitão, o vinho moscatel, as artes de pesca e a construção naval tradicionais – constituem um património no sentido positivo do termo, presentificam e conferem sentido a uma longa tradição cultural. Trata-se de uma herança ativa, dinâmica, usada e exercida. A Arrábida revela-se assim, uma unidade orgânica, interdependente, em que património natural e cultural, material e imaterial, se encontram indissoluvelmente ligados.

Pontos Altos

A costa da Arrábida é a maior quebra de direção do litoral ocidental português. O mar da Arrábida, no qual se situa o Parque Marinho Luiz Saldanha, desenvolve-se num troço de 26 km desta costa alta e escarpada, entre o estuário do Sado e o Cabo Espichel.

A Arrábida é um sítio natural de valor excecional e único pela sua beleza, mas também enquanto importante testemunho de processos geológicos e lugar de uma riqueza florística assinalável e mesmo única, ilustrativa da história da vida na Terra.

A individualidade geográfica da Arrábida e o seu relativo isolamento conferiu a este lugar a dupla dimensão de um local de reflexão mística e de defesa do território, de exercício simultâneo da espiritualidade e de afirmação do poder militar – dupla dimensão concentrada no termo árabe Ribât, a provável origem etimológica do termo Arrábida.

Lugar mágico e sagrado para diversos cultos desde o Paleolítico Superior até à atualidade, a Arrábida testemunha esta presença humana pontuando a sua paisagem com capelas, igrejas, ermidas, conventos, santuários, castelos, fortificações e também com manifestações antigas de religiosidade que continuam vivas na atualidade.

Os dados arqueológicos disponíveis permitem assinalar as primeiras comunidades humanas neste território desde o Paleolítico Inferior, sendo também expressivo o património arqueológico datável do Neolítico Final – Calcolítico, da Idade do Bronze e da época Romana.

A Gruta da Figueira Brava corresponde a um sítio arqueológico do Paleolítico Médio de relevância, a nível mundial, dada a presença de restos humanos do Homo neanderthalensis, combinados com restos faunísticos e de indústria lítica expedita. Por sua vez, os Hipogeus da Quinta do Anjo constituem um emblemático monumento funerário, reconhecido a nível internacional, devido às taças campaniformes e pontas de cobre do “Grupo Palmela”. Associado a estas grutas está o Castro de Chibanes que constitui um arqueossítio de relevância excecional.

A paisagem arrabidina, devido às suas condições geográficas, testemunha também diferentes períodos de ocupação muçulmana e reconquista cristã do território, nomeadamente através da sua arquitetura militar. Neste âmbito são de destacar os Castelos de Sesimbra e Palmela, tendo este sido a sede da Ordem de Santiago no território português. Existem ainda exemplos notáveis de arquitetura civil e religiosa da Época Moderna. A paisagem da Arrábida contém assim exemplos excecionais representativos da ocupação humana ilustrando vários períodos da sua história.

Uma característica matricial da Arrábida é a de constituir um local de fortíssima personalidade paisagística, um limite, uma fronteira na terra do fim do mundo, um cenário sagrado propício à contemplação. É do isolamento ditado pelas condições geográficas e climáticas que surge a especificidade da Arrábida, o espírito do lugar, enquanto fronteira geográfica, humana e espiritual.

este território existe uma sobreposição de cultos e lendas, numa estratigrafia religiosa e simbólica que sucessivamente acumulou e reinterpretou crenças muito antigas e as trouxe até à atualidade, demonstrando constituir-se como um pólo de atração religiosa, semeando-a de interfaces entre o mundo terreno e as esferas consideradas superiores e nela traçando centros de fé e itinerários de peregrinação com enraizadas manifestações de religiosidade popular.

As manifestações culturais associadas à Arrábida – a religiosidade popular, assim como outras manifestações ligadas à agricultura, à pesca, à pastorícia, à gastronomia, entre as quais merecem especial relevância o queijo de azeitão, o vinho moscatel, as artes de pesca e a construção naval tradicionais – constituem um património no sentido positivo do termo, presentificam e conferem sentido a uma longa tradição cultural.

Trata-se de uma herança ativa, dinâmica, usada e exercida. A Arrábida revela-se assim, uma unidade orgânica, interdependente, em que património natural e cultural, material e imaterial, se encontram indissoluvelmente ligados.

A Serra da Arrábida é um dos espaços naturais de influência mediterrânea mais belos e significativos, constituindo uma paisagem de excecional valor estético. Ao longo das suas montanhas, ou através das sombras dos seus vales e picos, o horizonte apresenta-se como uma das mais belas paisagens portuguesas e do mundo, onde a serra se constitui como uma barreira orográfica entre o litoral e o interior. Do alto dos 501 metros do Formosinho é permitida uma vasta panorâmica sobre toda a região envolvente.

O maciço sudoeste da Arrábida possui as maiores falésias à beira-mar de Portugal Continental, sendo o Risco a escarpa litoral calcária mais elevada da Europa que cai num mar calmo, azul cristalino e verde-esmeralda. Autores e artistas consagrados nos mais diversos campos atestam a beleza única e inconfundível deste território.

A Arrábida é no seu conjunto excecional pela diversidade de processos geológicos que nela se encontram registados para a compreensão e conhecimento de etapas fundamentais para a história da Terra, nomeadamente no testemunho em sucessão contínua das 4 fases de rifting que levaram à fragmentação da Laurásia e à formação do Atlântico Norte.

Do ponto de vista espeleológico, a Arrábida apresenta centenas de cavidades cársicas das quais se destaca a Gruta do Frade pela sua raridade, singularidade, diversidade e beleza dos espeleotemas que apresenta.

Do ponto de vista paleontológico, na Arrábida existem diversas jazidas fósseis e pistas de dinossáurio mundialmente relevantes do ponto de vista científico, com a particularidade única de estarem associadas ao património cultural material e imaterial do Cabo Espichel.

A Arrábida reúne uma série de especificidades que, em conjunto, justificam a presença de comunidades vegetais únicas a nível mundial, ricas em história evolutiva, que compõemuma paisagem vegetal excecional de elevada singularidade. Esta vegetação apresenta duas espécies únicas, dois endemismos arrabidenses: Convolvulus fernandesii e Euphorbia Pedroi  que surgem em matagais abertos nos afloramentos rochosos entre o Cabo Espichel e o Cabo de Ares.

A complexidade e diversidade de habitats marinhos presentes no mar da Arrábida contribuem para que este seja um Hot spot de biodiversidade – local excecional do ponto de vista dos índices de biodiversidade à escala europeia com 1320 espécies registadas.